Hoje, parei, e resolvi vir, de novo ao meu quintal, já há muito que não escutava as plantas ouvia os animais..., e como sempre elas e eles não me deixaram ficar mal...
Do reino vegetal uma rosa disse-me que um cravo lhe tinha dito que uma alfarrobeira lhe tinha contado que nos últimos tempos tinha sido uma azafama nas cercanias de São Marcos e que um senhores movidos a quatro rodas portadores de um scanner ou seria fotocopiadora portátil, - a alfarrobeira não se conseguia lembrar -, aquilo é que era militância para salvar num sei o que de uns bandidos que queriam ficar com não sei o quê ... enfim parece que houve uns crédulos que acreditaram uns que para os enxotarem lhes disseram que sim e outros a maioria que vinham ver a coisa no dia 14 de Março.
Passei-me para o reino animal e o meu periquito disse-me que um gavião de passagem lhe tinha dito que tinha ouvido de um tordo em Lisboa que a Avezinha, o Terra Ruiva, e até o meu post "Porque Raio não me recandidato" estavam a fazer furor num prédio de nove andares da Rua Castilho, pensei eu com os meus botões olha olha não falam não dizem nada mas mesmo nada, pelo menos às claras e mas sempre lêem qualquer coisa ou será que enviaram os ditos para lhes ser lido em voz alta?
Finalmente fui ao reino mineral e nada, nada nada, a pedra não me disse nada, muda queda inerte, ainda lhe tentei sacar alguma coisa que tivesse ouvido das pedras da calçada mas ... nada só ouvi em ruído de fundo ...
Algumas considerações sobre a capital
Que já foi do império, hoje é de Portugal
Como todas as outras, tem monumentos
Pedras a quem alguém
Deu certa forma, um certo olhar
Tomemos uma do chão, perdida
Podemos considerá-la domesticada
Essa pedra ontem foi livre
Hoje é da calçada
As pessoas
As pessoas são o sangue da cidade
Sem elas no centro, o centro morre,
O centro é caro, o centro é caro
O centro é bastante caro,
Mas parece seguro
Bom, já nada é seguro hoje em dia
As pessoas
As pessoas circulam como o sangue
As pessoas são quentes como sangue
As pessoas transportam coisas com o sangue
As pessoas defendem a cidade
Com o seu próprio sangue
Derramo o olhar pelos turistas perdidos
Acho que podes considerar, que eu, sou, de cá
Mas eu não sou daqui
Eu não sou daqui
Eu não sou daqui
Eu não sou de cá
Dos dias da semana
Eu escolho o domingo
É um dia morto
Cheio de luz e de parva felicidade
Aquela que vem do cansaço
Entre os estados meios com gente de fora
Chegados em autobuses coloridos
E a modorra da baixa, eu escolho o centro
Podes-me imaginar aí, no centro da cidade
Talvez na avenida da minha liberdade
Percorro o olhar pelos turistas perdidos
Acho que podes considerar, que eu, sou, de cá
Mas eu não sou daqui
Eu não sou daqui
Eu não sou daqui
Eu não sou de cá
Eu não sou daqui (eu não sou daqui)
Eu não sou de cá
Até já!