Portugal as vezes faz-me lembrar aquelas famílias tipo em que os avós eram analfabetos, pobres e honrados ...
Os filhos já lêem e escrevem e sobem à classe media e pagam as contas ...
Os netos licenciam-se e recorrem ao credito desenfreado, para um flat numa cobertura, para um carro encarnado e descapotável, para feiras, para jantares no Evaristo, no Tavares e no Solar dos Presuntos, depois a coisa correu mal e lixam a reforma dos pais e as poupanças dos avós, com uma particularidade gritam, berram e clamam sem nunca assumirem uma pontinha de culpa .
Portugal é o espelho das suas gentes, nos anos sessenta, os putos nasciam e morriam, andavam na rua, e comiam frango ao domingo os que comiam, o analfabetismo grassava, as eleições eram um farsa, os comunistas eram perseguidos, os socialistas tinham exílios, em Paris , em Argel o cinzento dominava, a Simone cantava Quem faz um filho ... por gosto :), o planeamento familiar era inexistente, o operariado sobrevivia, as contas externas do pais estavam mais ou menos estabilizadas e demorava-se cinco horas do Porto a Lisboa e doze horas do Porto ao Algarve. Morriam umas centenas de mancebos para defender o conceito Portugal uno do Minho a Timor. Portugal um pais cinzento, triste, pobre, fechado, mas tinha o defeito de pagar as contas e ter umas finanças publicas geridas como se fossem a economia de uma casa os gastos tinham de ser iguais às despesas.
Nos anos setenta surgiu uma explosão de luz, cor, liberdade, democracia, correram-se os capitalistas e os pides, grassou a diabolização, o prec as maiores barbaridades em nome da incipiente democracia, as nacionalizações em barda, as comissões de trabalhadores, a descolonização estúpida e feita no mínimo por gente sem honra,as hordas de retornados, pouco tempo depois estávamos em posição de passarmos de uma ditadura de um estado corporativista, para a ditadura de um estado satélite da CCCP vulgo união soviética, o voto foi declarado universal, tivemos um conselho da revolução e uma intentona em Março e outra em Novembro. Muitos direitos, muitas regalias , salários a aumentarem em flecha , uma inflação descontrolada, um consumismo exacerbado. Gritavam os RICOS que PAGUEM a CRISE, já nessa altura a turba não entendia que o capital não tem rosto e é móvel, mas até hoje ainda não aprendemos muito sobre isto ...
Nos anos oitenta temos o bloco central, o principio da bancarrota, a entrada do FMI, um grande aperto, mas lá se equilibraram mais ou menos as contas, mas ninguém entendeu o aviso, e depois entramos na CEE e o dinheiro qual maná entrou a rodos e numa primeira fase PSD esbanjou-se em auto estradas vias de comunicação e outros quejandos, desmantelou-se a industria, as pescas e a agricultura, massificou-se o ensino superior e surgiu o mito do doutor ..., damos por nós e estava o PS no Governo e o esbanjamento era o mesmo so que desta vez era de reforço no estado social, no mito da igualdade e por isso casa para toda a gente, trabalha-se ou não, subsidio para toda a gente , RSI e quejandos e grandes negócios de estado PPPS, BPNS, Rendeiros e outros que tais, passou-se por um breve período de PPD/CDS e entrou-se na magnifica via Socrática, que acabou com um memorando e com um resgate e com a entrada de capitais externos, uma austeridade medonha, se calhar não a mais certa, e lá se escutou novamente OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE e as sedes sociais dos grandes grupos deslocalizaram-se para a Holanda e quejandos, povo e políticos burros, o capital é móvel apertas um pouco e ele baza... e depois a coisa correu mal e lixam a reforma dos nossos pais e as poupanças dos nossos avós, com uma particularidade gritamos, berramos e clamamos sem nunca assumir uma pontinha de culpa .
Até já!