Sexta-feira, 19 de Janeiro de 2007

A menina que tem dois pais e duas mães

Hoje, vou falar sobre um assunto que tem feito manchetes nos jornais, aberto noticiários na TV, na rádio etc., a prisão de um pai adoptivo por não divulgar o paradeiro da filha. Desde já informo que não tenho mais dados que os meus fieis visitantes, sei o que li nos jornais, revistas, o que ouvi na rádio e o que vi na TV. 

Não sei, nem me interessa saber, se o processo de adopção foi feito segundo as normas legais, sei que o casal que tem a menina a seu cargo a cria desde os três meses após lhes ter sido entregue pela mãe biológica .

Ao que li hoje, a mãe biológica coloca-se ao lado do casal que lhe cria a filha, e diz taxativamente, que pediu ao pai biológico ajuda quando a criança nasceu.  Não a obteve, teve de encontrar uma solução, podia ter solucionado o problema intra-uterinamente não o fez optou pela vida.

Registou a criança sozinha, o fornecedor do esperma não apareceu, notificado pelo MP - Ministério Publico - negou a paternidade, só a aceitou quando os testes de ADN lhe disseram que era mesmo verdade o resultado daquela ejaculação era aquela menina.

Depois de todas estas peripécias, aparece agora a reclamar a criança que nunca viu, mas não reclama só a criança reclama também , ao que parece um indemnização de 60.000.00 ( sessenta mil euros)! Não faço Juízos de Valor apenas transcrevo o que li.

Do outro lado um casal, ele militar, ela comerciante, ao que parece com problemas para terem filhos, por isso "adoptaram" a menina, criaram uma relação afectiva, ouviram-lhe certamente o choro, ouviram-lhe o riso, certamente que ficaram babados com o bê a bá da petiza. Agora vem dizer-lhes " Até que a trataram bem, mas agora tem de a entregar porque o papel foi mal assinado". Qual seria a tua reacção?

Eu, conheço muito bem o que é uma adopção. Tinha catorze/quinze anos e fui dizer a um Juiz que concordava com uma ! Sim a minha única irmã é adoptiva, mas é minha irmã! Os meus pais tiveram a coragem de querer repartir o amor que tinham pelo filho por mais alguém , fizeram bem, e eles sabem quanto os admiro por isso! Obrigado!

Passando este paragrafo que para mim, as vezes é mais fácil escrever do que dizer certas coisas, pergunto mas o sistema judicial preocupou-se com a menor? Até não ponho a duvida que as normas aplicadas estejam em abstracto bem aplicadas, mas foram ouvidos os pais adoptantes? parece que não..., foram tidos em conta parecer médicos ? parece que não... foram ouvidos os técnicos da segurança social ? parece que não... Que raio de país é este?

Lirics: Momentos de Pedro Abrunhosa
Hoje estou:
feito, revisto e publicado por, José Paulo de Sousa às 09:59
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10 comentários:
De cn a 19 de Janeiro de 2007 às 13:57
Não dizem que a lei é o reflexo das pessoas?
Pronto, está tudo bem ...
De Mãe(adoptiva) a 19 de Janeiro de 2007 às 15:03
Embora visite com alguma regularidade o seu blog, só hoje escrevo ... Saberá porquê? Pois é, futebol não me interessa e as outras peripécias .... fico por aqui.
Partilho inteiramente as suas opiniões, que p'los vistos, são meramente pessoais porque os livros de Direito cada um dá-lhes a interpretação que quer.
E como juiz é juíz, está dito está dito.
Os afectos, as ofensas (porque o abandono o é) não interessam... A balança tomba para o lado do pai biológico.. Coitado, privado da filha que só depois de "cientificamente" comprovado admitiu ser sua.
Este é um caso. Mas quantos casos há que pela importância atribuida à "biologia" os juízes decidem pela entrega à família biológica e 2 ou 3 meses depois as crianças morrem ou são maltratadas ... Mas já agora, a quem é que os juízes prestam contas? Se uma criança morre em consequência da sua decisão... Como é que é?
Agora dizer que a mãe biológica optou pela vida ... Bem estamos em altura de campanha, não é? Acha mesmo que a mãe optou? Claro que não podia abortar porque os serviços públicos não o fazem e a senhora, ainda por cima, estava ilegalmente em Portugal. Optar não optou... Deixou correr ... E a menina nasceu por milagre ... como sempre que nasce alguém. É um verdadeiro milagre.
Um abraço e não seja tão manipulador ... O que disse agradou-me...
Não me identifico ... mas certamente ser-lhe-á fácil descobrir-me.
De José Paulo de Sousa a 19 de Janeiro de 2007 às 16:11
Por acaso não estou a ver. mas tem alí uma caixinha de e-mail
De maria gabriela martins a 19 de Janeiro de 2007 às 18:06
pois é!
eu não só me identifico como o faço na perspectiva de alguém que, como tu, partilha e entende o que é amar sem ... distinção e admira quem a praticou e pratica .conheço.te o suficiente para perceber o quanto não te foi fácil escrever o que escreveste. racional como és, frio nas palavras escolhidas a dedo e, acima de tudo ,um técnico do direito ,a falar deste modo, é preciso vir muito do fundo.
tens a felicidade de poder partilhar uma irmã.
eu tenho o privilégio de amar dois sobrinhos que têm, de pleno direito, os apelidos que o meu irmão Paulo ( quando decidiu adopá.los ) lhes deu. E porque sabemos do que falamos - a mãe adoptiva com quem me identifico ,em absoluto, tu e eu - só podemos esperar que, apesar da miséria deste País, ainda possa prevalecer o bom senso.
em causa está a vida de uma criança e o seu futuro ... talvez se possa ,com este caso ,reescrever a LEI.
De ACarrasqueiro a 21 de Janeiro de 2007 às 00:12
Caro J.P ., após visitas regulares aos blogs do concelho, quero dizer-te que concordo em absoluto com o teu post .
Mas, mas se a proposta que vai ser referendada já fosse lei, este caso não existia. Nem o pai biológico " andava a tentar sacar a menina+dinheiro depois de ver que talvez seja possível , nem os pais (ainda não ) adoptivos andavam a fugir à justiça.
Um []
De José Paulo de Sousa a 21 de Janeiro de 2007 às 12:40
Benvindo Acarrasqueiro.
só não entendi a dica da nova lei ...
De ACarrasqueiro a 21 de Janeiro de 2007 às 13:03
Se a lei do aborto já estivesse em vigar a mãe biologica podia ter feito um aborto.
De José Paulo de Sousa a 21 de Janeiro de 2007 às 13:52
pois podia...
mas neste caso e é sobre este caso que escrevi ainda bem que a mãe biologica não abortou e nasceu alguém!Mas esta é a minha posição.
De anónimo a 22 de Janeiro de 2007 às 15:07
Concordo plenamente com tudoo que foi dito, realmente a nossa lei deveria preocupar-se mais a sanidade mental e emocionalda pequena doque com o pai biológico que só agora se lembrou que é pai! E já agora alguém pode explicar porque é que o tipo quer o dinheiro?
De Ailéh a 23 de Janeiro de 2007 às 12:14
nada entendo de leis de adopção, mas entendo das leis afectivas, das leis dos sentimentos.
Considero-me uma sortuda, para além da minha família nuclear, foi-me dada hipótese de "adoptar" outra familia digamos que hoje "nuclear", pois esta relção já dura há 23 anos.
Tive a sorte de ter irmãos de sangue e irmãos de "criação", se pudesse pesar o sangue ou afectividade, talvez no meu caso afectividade, pesasse mais!
Ao longo destes anos os laços de cumplicidade, de amor, de carinho ,de sentir o outro como parte integrante da sua vida, talvez estejam mais presentes e mais fortalecidos com meus irmaos "coração/criação" do que com os meus irmão de sangue( apenas por questões de convivencia diária e daquele crescer junto diariamente) para terminar fazem-me ambos falta, são me ambos essenciais., mas eu, sou uma sortuda no que respeita a relações familiares coração / sangue.

No que diz respeito ao caso deste post, apenas peço que tenham em conta o bem estar da menina emocional e afectivo, de resto não me tece fazer quaisquer comentários, ao pai biológico ou aos pais adoptivos.

Perantes terminei.



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